quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Surrealismo

Postado por Thiago Ghougassian

Sonhos. Símbolos. Hipnotismo. Magia. Bagunça. Uma criança com certeza deve adorar essas palavras, porém em um cenário nada infantil cria-se uma arte capaz de encantar qualquer humano. No início ofusca os olhos e faz com que o cérebro tenha vontade de gritar, mas depois você se acostuma e até se diverte. Você é capaz de fazer uma coisa tão louca quanto essa ora bolas! Para que tanto glamour?
Você vê formas, cores, algo que parece um cavalo ou uma árvore e até mesmo uma maça, mas que na verdade é uma flor. Aquele pedaço de pão colado em cima do cabelo da moça não foi acidente, assim como aquela estrela no final do cano do esgoto não foi um acidente.
Uma crítica, uma reinvenção, uma nova sociedade inserida em traços tortos que contornam um círculo vermelho da mesmice. Recortes livres formam algo colossal, algo tão sublime e normal que impressiona o açougueiro e a dona de casa. Aquilo que parece um pedaço de carne com uma vassoura é de fato um pedaço de carne com uma vassoura. Uma carne azul e uma vassoura roxa.
A liberdade invade as mãos de quem pinta e transcende para a mente de quem olha, se perpetuando no cérebro de quem analisa e nos olhos de quem não enxerga. O cheiro da cor espalha-se pelo rim do curador do museu que convida o domador de leões a tocar com a íris o trapézio verde musgo.
De repente a criança sonha e quando acorda desenha. Entrega para o padeiro que arruma o cabelo da ovelha e devolve a dona de casa para ajeitar o pente torto. Algumas mãos depois, isso é entregue a admiração de todos daquele país.
Entendeu algo? A arte surrealista é feita para isso, para confundir e explicar o mundo que você vive. Isso é complexo no tempo contemporâneo, imagina nos anos 20, na França, quando tudo isso começa com um cara chamado André Breton? Era desconcertante ver clássicos se tornarem traços borrados e venerados. Qualquer um era capaz de marcar símbolos e fazer arte. Pop Art? Não, surrealismo. Criativamente real e fragmentada. Aclamada. Fantasiosa. Primária e tentadora.