Acho que minhas aulas de Política e Economia andam me fazendo mal. Não paro de pensar em reforma agrária, bancos, crise, circulação de dinheiro, geração de capital, obras públicas que são superfaturadas e imaginando que cada vez que depositam meu salário, o banco já faz uso dele sem eu ao menos saber.
Bem, mas essa não é a questão central do post. Divagando, eu acabei percebendo um novo conceito (que eu não sei se é novo... aliás, é para mim!): a extinção de políticos e maximização de figuras políticas.
Vejam só: teoricamente, o papel do Estado e, respectivamente dos governantes que controlam as decisões, é zelar pelo bem comum, certo? Mas dai eu percebi que esses pseudo-políticos fazem desse cargo somente um emprego, uma forma de sobreviver e não levam totalmente a sério sua real função.
Ok, você deve estar pensando: "mas todo o texto de política fala sobre como a política é suja e blá blá blá". É, pode até ser, mas ainda estudo uma maneira de escrever um texto que fale bem da política, prometo.
A substituição (se é posso chamar de substituição) de políticos por figuras políticas vem numa demanda inversamente benefícios que os patronos do poder nacional, teoricamente, deveriam exercer.
Tendo isso como ponto de partida, podemos entender porque morar em Brasília, ocupar um cargo de relevância nacional e, com esse cargo, os milhares de deveres e vantagens, se torna cada vez mais desejado pelas pessoas.
Na segunda-feira assisti CQC, o primeiro progama de 2009 e fico perplexo diante da capacidade que aquele pessoal tem de misturar diversos assuntos e fazem com que tudo tenha sentido. Enfim, eles estreiaram um quadro chamado "Fala na cara" onde uma figura política (vou tomar o cuidado de não falar político daqui para frente). O quadro consiste basicamente em uma figura política dentro de uma van enquanto um repórter pergunta a alguém na rua o que essa pessoa acha da política nacional e, especificadamente daquele cara dentro da van. A tendência é o questionado meter pau e o repórter pergunta: "você teria coragem de falar isso na cara do Maluf (a figura política em evidência no programa de segunda-feira)" e a pessoa diz que sim e dai... *TCHARAM!* Aparece o Maluf, com os braços abertos e dizendo: "vem cá meu filho, me dá um abraço! Qual o seu nome? Vamos tomar uma cerveja e conversamos sobre isso".
Fal-si-da-de total, óbvio, mas consegue ser cómico e revoltante ao mesmo tempo. E é exatamente disso que estava falando. A figura política se orgulha da rua que "construiu" e nunca esburacou, da ponta que "construiu" e facilitou o trânsito, das N escolas que "construiu" e tirou N crianças da ignorância... Enfim, são tantos feitos que, como disse o Rafinha Bastos no programa, se colocassem o Maluf junto com Deus, Deus diria: "eu fiz a Terra e o Mar" e o Maluf diria: "e eu construí uma ponte para uni-las".
Programas de TV a parte, é necessário uma maior atenção (para não dizer cobrança) nesse ponto. A pessoa que está lá zelando por um salário de quase 30 mil reais, não foi posta pelo além. Alguém a elegeu e alguém deveria fiscaliza-la.
Ainda acredito que deveria ser obrigatória uma formação universitária para quem almeja ser figura política e, quem sabe, político. Pelo menos eu, Thiago Ghougassian, gostaria de ser reconhecido pelo bem que fiz aos outros e não pelo que eu supostamente "construi".
Para fechar, ontem, na aula de Política e Economia, discutimos "Seca e Poder", um livro-entrevista com Celso Furtado. E para ser sincero, fui com a cara dele, principalmente por Furtado acreditar fielmente que é necessário um investimento em capital humano, pois, quando se investe nesse tipo de capital (e não no monetário), a geração de renda é muito maior por haver suprimento de necessidades básicas, o que poderíamos chamar estupidamente de incentivos.
Desabafo total, mas tudo bem!
Ah sim... Há 4 anos atrás eu publiquei um artigo num jornal regional chamado "Vidro, papel, plástico, metal..." que eu comparava a classe política com reciclagem. Eu estava no 2º colegial e eu acho sinceramente que as aulas da faculdade estão atenuando meu espírito político altamanete crítico e revoltado.